Geologia – Tapajós
A Província de Ouro do Tapajós está localizado na parte oeste do estado do Pará, no norte do Brasil, e cobre uma área de aproximadamente 100.000 km2. O Tapajós fica na parte centro-sul do Craton Amazônico e é chamado de Escudo Brasileiro, em oposição à porção que fica ao norte do Craton, que é o Escudo Guiano e se estende pelos países litorâneos ao norte da América do Sul.
O núcleo do Escudo Brasileiro está no território de granitos e rochas verdes da era Arqueana da Província de Carajás-Imataca, no estado do Pará. O Escudo se torna mais jovem e mais raso na medida em que vai para oeste, sofrendo graduações primeiro para rochas da era Paleoproterozóica dominadas por granito e, depois, de granito e volcaniclásticas, no leste do estado do Amazonas. Na região do Jardim do Ouro, litologias são dominadas por granitóides paleoproterozóicos.
A Província do Tapajós representa uma evolução geológica tectonicamente controlada por quatro eventos plutônicos, atribuída ao período Orosiriano (éon Proterozóico), no decorrer de um período de 140 Ma.
Na Província do Tapajós, duas unidades principais formam o embasamento: a suíte metamórfica Cuiú-Cuiú, Paleoproterozóico (2,0 -2,4 Ga) e a suíte metamórfica Jacareacanga (>2,1 Ga). A suíte Jacareacanga é considerada mais velha, no entanto, a relação ainda não está claramente definida. Ela consiste de uma sequência de rochas sedimentares e vulcânicas, que sofreram deformação e metamorfismo regional, formando fácies xisto verde, com unidades de xisto sericítico e clorítico e raras formações ferríferas bandadas.
A suíte Cuiú-Cuiú, que é o embasamento da área do Palito, consiste de ortognaisses de composição diorítica a granodiorítica, granitóides tonalíticos e enclaves ou rafts de anfibolite deformados, localmente milonitizados.
Tanto a suíte Cuiú-Cuiú como a Jacareacanga sofrem intrusão de monzogranitos da suíte Paráuari (2000 -1900 Ma), de tonalitos, dioritos e granodioritos da suíte Tropas (1907 Ma -1898 Ma), e de granitos e granodioritos da suíte Creporizão (1893 -1853 Ma). Estas três suítes intrusivas são tidas como afiliações calcário-alcalinas e podem ser consideradas remanescentes de um sistema de retroarco magmático interpretado para a região.
A análise estrutural e regional da Província do Tapajós identificou vários regimes de deformação compressiva, incluindo o dúctil, dúctil-rúptil e rúptil. Interpreta-se a deformação como tendo ocorrido em dois eventos distintos: um primeiro evento compressivo, com deformação máxima de 1,96 Ma, que resultou do desenvolvimento de regimes de deformação dúctil e dúctil-rúptil. O segundo evento teria ocorrido em 1,88 Ma e resultado em deformação rúptil. Estes eventos provocaram grandes lineamentos com orientação norte-sul, norte oeste-sul leste e leste-oeste.
A geometria dos lienamentos e estruturas é compatível com a combinação dos sistemas de fratura de Riedel e de falha de cisalhamento horizontal, sendo que o vetor principal de compressão tem uma orientação leste-oeste e leste-nordeste-oeste-sudoeste.
A mineralização de ouro não está restrita a uma determinada suíte; há depósitos localizados em todas as suítes, incluindo as suítes Cuiú-Cuiú (Cuiú-Cuiú), Paráuari (Tocantinzinho, São Jorge e Palito), Tropas (Ouro Roxo), formações Salustiano e Bom Jardim (depósitos da Série V, Bom Jardim), e a suíte Maloquinha (Mamoal). A combinação de mineralização de ouro com quartzo e alterações hidrotérmicas foi observada em todas as orientações de fraturas do sistema Riedel; predominam farturas oblíquas ao princípio do cisalhamento horizontal.